A XIX CIMEIRA IBEROAMERICANA e a LUSOFONIA
Iniciou-se hoje, em Lisboa, a XIX Cimeira Iberoamericana, em que mais de vinte Estados, de expressão Ibérica, estão representados.
A língua portuguesa está em força, não em número de Estados, mas, sim, com a representação de mais de duzentos milhões de falantes - Portugal e Brasil.
O Brasil, uma verdadeira nação continental, em acelerado desenvolvimento terá, certamente, dentro de algumas décadas, um grande peso no concerto económico, estratégico e político mundiais.
Portugal, precisa de repensar o seu "modelo de desenvolvimento" e de se reposicionar no Mundo, perante esta nova realidade.
De facto, Portugal só foi "grande" quando "deixando os pés" na Europa, soube "pôr a cabeça" noutros continentes.
Fechado o ciclo colonial e de retorno a Europa, Portugal precisa - sem perder o seu posicionamento na Europa - de redescobrir o Mundo, nomeadamente, as terras onde se fala, em vários sotaques, a língua dos Lusíadas.
É urgente que o sector empresarial, de Portugal e do Brasil, se conheçam e possam actuar de forma concertada, no contexto internacional. Os exemplos da EDP, da PT e da PETROGAL podem e devem ser replicados, nos dois sentidos.
Portugal, pode ser a "porta europeia" dos produtos brasileiros e, no futuro, de muitos outros espaços e nações de expressão lusófona. E, por outro lado, a "visão e suporte europeu" do alargamento do "atlântismo" a sul.
Por outro lado, o Brasil, Angola e muitas outras nações de expressão lusofona, poderão e deverão ser potenciados como mercados para os produtos desse "espaço empresarial lusofono".
É urgente criar uma verdadeira rede empresarial lusófona. Só com o conhecimento e respeito mútuos será possível alcançar tal desiderato.
Uma coisa é certa. o sector empresarial lusófono, precisa de criar músculo e dimensão para ser respeitado e ter uma palavra a dizer no concerto internacional. Precisa-se um novo Gama, que descubra os caminhos da construção e consolidação do espaço empresarial lusofono.
O triângulo Lisboa-Luanda-Brasília, pode e deve, dentro de algumas décadas, ser uma surpresa no contexto do comércio internacional. Surpresa, desde logo, porque poderá ir contra o movimento integrador de blocos continentais.
O sector da aviação civil, poderá, muito bem, ser uma primeira experiência, deste novo eixo gâmico da lusofonia tricontinental. Com efeito, na sequência da concentração empresarial das empresas de aviação civil, era desejável a constituição de uma empresa de aviação civil atlântico-lusofona, que pudesse congregar os três continentes - Europa/África/América do Sul.
Mas, outros sectores poderão estar na calha. Veja-se, a experiência da Ongoing, liderada por Nuno de Vasconcellos, ao "transpôr" para o Brasil o seu nóvel projecto, na área da comunicação social - o jornal "BRASIL ECONÓMICO".
A propósito, desta visão tricontinental da lusofonia empresarial, quero ainda, aqui, saudar o trabalho que, desde a UCCLA - União das Cidades Capitais de Língua Portugiesa, está a ser desenvolvido, pelo seu Secretário-Geral, Eng. Miguel Anacoreta Correia. Trata-se de um Homem com provas dadas. Desempenhou importantes cargos no Governo de Portugal, na União Europeia e é hoje Conselheiro de Estado. Tem, ainda, a meu ver, a grande vantagem, de ter aprendido a olhar a lusofonia, não da Europa, de Portugal, para o resto do Mundo, mas, sim, desse "Mundo" para o seu todo - um verdadeiro atlântista do sul.