Defendemos uma Política de Verdade e quisemos uma Lisboa com Sentido. Neste novo ciclo político nasce o Crónicas Lusitanas, de militantes e simpatizantes do PPD/PSD, que querem que este seja um espaço de liberdade, debate e opinião, e sem asfixias..

12
Jun 10

Pelo que se lê na imprensa, a questão das presidenciais à direita ainda mexe.

 

Confesso que não me espanta. Aliás espanta-me mesmo que tenha começado a mexer. Aparentemente a questão dos casamentos gay terá sido a gota de água.

 

Mas a verdade é que este rebuliço à direita já tinha há muito motivos para acontecer. Tem aliás desde 1995, quando Cavaco começou a prejudicar sistematicamente o PSD e o centro direita. Todos nos lembramos seguramente da desautorização a Fernando Nogueira em plena campanha legislativa. Todos nos lembramos do “tabu” de 95.

Começou aí e não parou.

Quando o centro direita chega finalmente ao poder em 2002, Cavaco não vê com bons olhos a aliança PSD/CDS, porventura lembrando-se daquilo que o jornal “o Independente” fez ao cavaquismo. Apesar das farpas lançadas na altura, Cavaco até terá sido algo brando, por respeito e consideração a Durão Barroso.

Quando Santana assume a liderança, esse respeito desaparece, e Cavaco associa-se, por força do seu comportamento, a um conjunto de pessoas cujo objectivo é deitar abaixo o Governo PSD/CDS. O ponto alto da sua intervenção é o célebre artigo da boa e má moeda na política.

Demitido esse Governo, Cavaco ainda dá mais uma machadada no PSD ao recusar que a sua imagem apareça num cartaz de ex-líderes do PSD, fragilizando ainda mais o partido. As presidenciais aproximam-se e a sua estratégia de distanciamento partidário sobrepõe-se a tudo.

Em 2006 é eleito Presidente da República, com o apoio do PSD de Marques Mendes e do CDS de Ribeiro e Castro.

O seu 1º mandato fica marcado por 2 guerras com o governo Sócrates: o Estatuto dos Açores e o caso das escutas.

Se no primeiro não havia grandes dúvidas sobre as razões do Presidente, já o segundo foi uma monumental trapalhada, que poucos terão percebido. Um silêncio ensurdecedor de Belém agrava a suspeita, argumento utilizado em campanha (à exaustão) por Manuela Ferreira Leite. A súbita destituição de Fernando Lima na sequência de notícias que dão conta de um caso encomendado por Belém, sem grandes explicações da Presidência, dão uma machadada final na campanha de Ferreira Leite que vê deitado por terra um dos seus grandes argumentos eleitorais, a asfixia democrática.

 

De resto o mandato de Cavaco fica marcado por uma tolerância extrema em relação ao Executivo PS. A cooperação estratégica deu lugar a um silêncio quase avalizante.

Nunca um governo passou por tantos casos e tantos episódios graves como este. As interferências na Comunicação Social, as visitas da polícia aos sindicatos, os funcionários públicos perseguidos por anedotas sobre o PM, a maior carga fiscal de sempre, o maior défice de sempre, a maior taxa de desemprego de sempre, etc. E sobre tudo isto, de Cavaco, o silêncio ou alguns discursos de teoria económica.

Por muito menos escreveu no passado o artigo da má moeda. Por muito menos, o seu antecessor chamava o Primeiro-ministro a Belém. Por muitíssimo menos Sampaio dissolveu o Parlamento.

Aliás, foi muito elucidativo quando, no Congresso do PSD, Santana Lopes no seu discurso pergunta a Cavaco se era esta (o governo PS) a boa moeda a que ele se referia, e automaticamente recebe uma enorme salva de palmas.

 

A verdade é que o centro e a direita não têm grandes motivos para euforias com a reeleição de Cavaco. E já sabem que dali há de vir machadada, mais uma, mais tarde ou mais cedo, ainda para mais quando Cavaco não morre de amores por Passos Coelho e odeia Portas. Ter de dar posse a um governo PSD/CDS neste momento ou em breve será para ele um enorme sacrifício e quase que uma derrota política e pessoal.

 

Perante tudo isto, a pergunta torna-se legítima. Deve ou não o centro direita ter (outro?) candidato?

A meu ver deve! Não por Cavaco ter promulgado a lei dos casamentos gay. Mas por tudo aquilo que já fez e, por omissão, deixou fazer!

Crónica de Rodrigo Mello Gonçalves às 19:28

06
Mar 10

Este foi o discurso de Jorge Sampaio ao país em 10 de Dezembro de 2004.

 

Com ligeiras, muito ligeiras mesmo, adaptações, este poderia ser o discurso de Cavaco Silva ao país, já amanhã...

 

 

"Entretanto, desde a posse do XVI Governo Constitucional, e depois de lhe ter assegurado todas as condições necessárias para o desempenho da sua missão, o País assistiu a uma série de episódios que ensombrou decisivamente a credibilidade do Governo e a sua capacidade para enfrentar a crise que o País vive.

Refiro-me a sucessivos incidentes e declarações, contradições e descoordenações que contribuíram para o desprestígio do Governo, dos seus membros e das instituições, em geral. Dispenso-me de os mencionar um a um, pois são do conhecimento do País.

A sucessão negativa desses acontecimentos impôs uma avaliação de conjunto, e não apenas de cada acontecimento isoladamente. Foi essa sucessão que criou uma grave crise de credibilidade do Governo, que surgira como um Governo sucedâneo do anterior, e relativamente ao qual, por conseguinte, as exigências de credibilidade se mostravam especialmente relevantes, e, como tal, tinham sido aceites pelo Primeiro Ministro. Aliás, por diversas vezes e por formas diferentes, dei sinais do meu descontentamento com o que se estava a passar.

A persistência e mesmo o agravamento desta situação inviabilizou as indispensáveis garantias de recuperação da normalidade e tornou claro que a instabilidade ameaçava continuar, com sério dano para as instituições e para o País, que não pode perder mais tempo nem adiar reformas.

Criou-se uma instabilidade substancial que acentuou a crise na relação de confiança entre o Estado e a sociedade, com efeitos negativos na posição portuguesa face aos grandes desafios da Europa, no combate pelo crescimento e pela competitividade da economia, na solidez e prestígio das instituições democráticas.

A insustentável situação a que se chegou – e que certos comportamentos e reacções dos últimos dias só têm contribuído para confirmar – mostra que as tendências de crise e instabilidade se revelaram mais fortes que o Governo e a maioria parlamentar, que se tornaram incapazes de as conter e inverter. Neste quadro, que revelou um padrão de comportamento sem qualquer sinal de mudança ou possibilidade de regeneração, entendi que a manutenção em funções do Governo significaria a manutenção da instabilidade e da inconsistência. Entendi ainda que se tinha esgotado a capacidade da maioria parlamentar para gerar novos governos.

Assim, e face a uma situação cuja continuação seria cada vez mais grave para Portugal, entendi, em consciência, que só a dissolução parlamentar representava uma saída."

 


18
Jan 10

Na proxima terça-feira, Santana Lopes irá ser condecorado pelo Presidente da República com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo por destacados serviços prestados ao País.

 

Tem razão de ser esta condecoração. De facto, pelos inúmeros cargos públicos por onde passou, Santana fez obra e deixou obra. Seja na Secretaria de Estado da Cultura, na Figueira ou em Lisboa. E se mais não fez noutros cargos foi por não o terem deixado...

 

Claro que perante esta notícia surgiram logo um conjunto de "elites bem pensantes" a questionar os motivos e sobretudo o mérito da dita condecoração.

Muitos destes são aqueles cujo contributo para a causa pública é minimo ou mesmo inexistente. Verdadeiros comentadores de sofá cuja função é dizer mal e atacar aqueles que como Santana dão a cara e vão à luta por aquilo em que acreditam.

 

Julgavam (mais uma vez) que o homem tinha morrido para a política, mas, (mais uma vez) enganaram-se! E só Deus sabe o que lhes deve custar ver que Santana continua em grande actividade. Esta condecoração é uma verdadeira facada para muitos deles.

 

Esteve bem o Presidente da República ao decidir atribuí-la. Não deixa de ser irónico, mas esteve bem...

Crónica de Rodrigo Mello Gonçalves às 22:33

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