Portugal vive como sabemos uma situação complicadíssima.
A todos os males conhecidos na parte económica e financeira, junta-se agora a destabilização política.
Por incrível que pareça, esta não vem da Oposição, nem do Palácio de Belém como noutros tempos. Ela vem do próprio Governo e do partido que o apoia.
A desorientação do Governo é por demais evidente, com as entrevistas, as contradições, as desautorizações e até alguns silêncios.
A recente entrevista do Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros é o sinal mais claro da desorientação. As declarações do Ministro de Estado e das Finanças pecam por excesso, ajudando à confusão em vez de contribuir para a pacificação.
No PS o cenário não é muito melhor. Começam-se a ouvir cada vez mais vozes a clamar por uma remodelação, sedimentando a ideia que já existe no país de que este Governo está esgotado.
As movimentações de bastidores para a sucessão de Sócrates ganharam novo fôlego, e os peões no xadrez socialista estão já em movimentação.
A ironia é que tudo isto acontece na altura em que o Governo já tem garantida a aprovação do Orçamento do Estado para 2011.
Vivemos assim numa curiosa situação em que o principal agente político, aquele que mais interesse tinha em acalmar a situação, é precisamente aquele que mais contribui para a incerteza.
Assim, à incerteza económica internacional, somamos agora a incerteza política nacional.
O problema é que a situação do país não se compadece com mais incertezas. O que está em jogo é demasiado grande e sério.