Defendemos uma Política de Verdade e quisemos uma Lisboa com Sentido. Neste novo ciclo político nasce o Crónicas Lusitanas, de militantes e simpatizantes do PPD/PSD, que querem que este seja um espaço de liberdade, debate e opinião, e sem asfixias..

20
Dez 09

 

O ano de 2009 aproxima-se veloz do seu fim e já se ouvem, ao longe, as badaladas do novo ano 2010.
 
Encerra-se, assim, mais uma década, a primeira do século XXI.
 
Em 2010, comemoram-se os 100 anos da República. Espera-se que seja tempo de reflexão…
 
Reflexão não só sobre a bondade, ou não, deste modelo de sistema político, mas, essencialmente, sobre quais os novos desafios para o próximo centenário.
 
Mas, será que os tempos que correm, têm algo de semelhante como os que corriam há 100 anos atrás?
 
A crise das instituições, quanto à sua composição, quanto ao seu funcionamento, quanto às suas efectivas competências, quanto aos assuntos que consideram prioritários, quanto à falta e ou inexistência de uma clara estratégia e caminho a trilhar. A ideia que nada, nem ninguém tem poderes e competências para decidir, a culpa e responsabilidade é sempre de qualquer outra instituição e, essa, por sua vez, reconduz para outra…
 
A crise do sistema económico e financeiro, consumindo-se mais do que se produz, o aumento acelerado do deficit público, os sinais externos de falta de confiança na economia portuguesa que conduzem a sucessivas alterações, negativas, do rating da República Portuguesa, a instabilidade e falta de confiança no sistema bancário – os casos BPN e BPP - , as dúvidas quanto à acção do Banco de Portugal nestes e noutros casos …
 
A crise da Justiça, com uma efectiva descrença no seu funcionamento, com a clara desconfiança quanto às suas conclusões e decisões, com o acelerado descrédito dos seus “operadores” – a própria expressão de “operadores”, é já, ela própria, um sinal deste descrédito, pois dá um sinal de falta de envolvimento, de falta de participação, de falta de “fazer acontecer”, refugiando-se numa mera “operacionalidade” daquilo que não se sabe, quem decide -, com um, cada vez maior, distanciamento entre as decisões e o sentir das populações, com uma cada vez maior falta de compreensão da Lei e, fundamentalmente, da sua interpretação e aplicação …
 
A crise no ensino, com os jovens, do ensino básico, sobrecarregados de unidades curriculares – disciplinas – injustificadas ou que, pelo menos, em nada parecem contribuir para a sua literacia, formação, aprendizagem e preparação para a vida activa. Os professores, reconduzidos a graves situações de crise de autoridade, ao mesmo tempo que são sucessivamente desrespeitados pelo “sistema” que lhes impõem “modelos de avaliação” inconsequentes.   
O Ensino Superior está, por sua vez, em clara crise. O privado definha, enquanto o público, com falta de recursos, está desadaptado das reais necessidades do país.
 
A crise social, com o sucessivo aumento do desemprego, sem se vislumbrar como tal aumento poderá ser invertido nos próximos tempos. O crescimento da pobreza, que já passou de “bolsas” a extensas “manchas”, que atingem, já, vastos sectores da denominada “classe média” – a “pobreza envergonhada”. A falta de uma estratégia para o enquadramento da população activa e o efectivo desenvolvimento do país. O aumento da idade da reforma, ao mesmo tempo que se diminuem os postos de trabalho, denota uma clara navegação à bolina, num completo desnorte, sem que nada nem ninguém se interrogue sobre as suas consequências no futuro próximo…
 
A crise política, após um novo rotativismo, amarrada à crise do sistema partidário, ele próprio, em muitos casos, refém de quem menos se desejaria… O afastamento, cada vez mais evidente, de quem é credível e tem capacidade de acção, centrifugados para fora do sistema, pela forças que o próprio sistema gera, limitando a sua capacidade de participação. A falta de competência, de valor, de capacidade de decidir, de assertividade, de seriedade e de integridade que, cada vez mais, vão manchando a, dita, classe política e, consequentemente, o sistema político vigente…
 
Tudo isto, e muito mais, que todos os dias nos apercebemos e vamos comentando aqui e ali, estão a gerar uma crise que poderá ser muito mais profunda e grave do que aquela que se viveu em 1910, ou em 1925.
 
Nos tempos que correm, é cada vez mais importante que, cada cidadão, exerça a sua capacidade de reflexão, criando-se amplos debates na opinião pública, centrados nos graves problemas da sociedade portuguesa, naqueles que poderão significar desenvolvimento e progresso, contributos para a erradicação da pobreza que teima em regressar e grassar, em vez da discussão, distractiva, de temas e aparentes problemas que em nada contribuem para este desiderato.
 
Vem isto, não só, mas também a propósito das discussões sobre se as escutas ao Primeiro-Ministro, devem ser tornadas pública e divulgadas na comunicação social, ou sobre a oportunidade da discussão sobre os casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Com o devido respeito, pelas opiniões contrárias – aqui assenta o primado da democracia -, não nos parece que, estas matérias, sejam aquelas que efectivamente interessam aos portugueses...
 
Importa, assim, recentrar a discussão nos temas e nas questões que determinarão o futuro, desta e das gerações vindouras. Estou certo, que após o falhanço do comunismo e do capitalismo, do falhanço dos liberalismos e dos neo-liberalismos, importa encontrar um novo sistema de equilíbrio social. E, aqui, estamos em crer que, do mesmo modo que os social-democratas moldaram a Europa do pós-guerra, é necessário criar um novo equilíbrio entre o capital e o trabalho, que possibilitem discutir, de forma aberta, em concertação, os problemas e encontrar a senda a trilhar, em que o Estado, não sendo o “todo poderoso” que tudo decide, possa, efectivamente, deter o poder regulador e moderador que evite novos desmandos…
 
Nestes tempos, que correm, precisa-se de um novo modelo de Estado...
 
 
 

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